sexta-feira, 20 de maio de 2011

Paulo sobre Conhecimento

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

A  Confissão de Fé de Westminster começa sua declaração precisa e ordenada do sistema de doutrina ensinado na Bíblia com epistemologia: a teoria do conhecimento. O capítulo 1 da Confissão tem a ver com a fonte de nosso conhecimento: “Da Escritura Sagrada”. Não começa com como sabemos que existe um deus, e então tenta provar que esse deus é o Deus da Escritura. A doutrina de Deus, quando ensinada nos capítulos 2-5, segue após a epistemologia. A questão central tem a ver com como sabemos o que sabemos. Todas as filosofias (ou cosmovisões) começam com um primeiro princípio ou ponto de partida indemonstrável, isto é, um axioma a partir do qual tudo o mais é deduzido. E de acordo com os Puritanos, o ponto de partida axiomático do cristão é que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada, infalível e inerrante, e ela tem um monopólio sobre a verdade.

Paulo está de pleno acordo com essa análise. Seu ponto de partida axiomático é o mesmo daquele dos teólogos de Westminster. De acordo com o apóstolo da Teologia Credal, a Escritura é fundacional. Todos os nossos pensamentos, ensina o apóstolo, devem ser trazidos cativos à Palavra de Deus (2 Coríntios 10:5), que é a (uma parte da) mente de Cristo (1 Coríntios 2:16). Tudo do nosso conhecimento deve ser derivado de sessenta e seis livros do 
Antigo e Novo Testamento.

Por exemplo, em 2 Timóteo 3:16-17, Paulo ensina que: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra”. Nesses dois versículos, o apóstolo mantém que a Escritura é totalmente suficiente para equipar completamente a humanidade para realizar “toda boa obra”. Então em 1 Timóteo 6:3-5, Paulo declara que quem “ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade”, está “privado da verdade”, “nada entende”.

O que o apóstolo está afirmando aqui é o princípio reformado da sola Scriptura: a total suficiência da Escritura. Como ensinado pela  Confissão (1:6): “Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum”. De acordo com o princípio da sola Scriptura, nem a ciência, nem a história, nem a filosofia é necessária para dar conhecimento. Como Paulo nos diz claramente nos primeiros dois capítulos de 1 Coríntios, não existe uma teoria de fonte dupla de conhecimento ensinada na Palavra de Deus. A sabedoria desse mundo é loucura, e o homem não é capaz de chegar ao conhecimento da verdade à parte das proposições da Escritura reveladas pelo Espírito. A Bíblia é suficiente para toda a verdade que precisamos e todo o conhecimento que podemos ter. 

W. Gary Crampton
Fonte: Paul: The Apostle of Creedal Theology, W. Gary
Crampton, Trinity Foundation, p. 49-51.


Créditos: Monergismo

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