terça-feira, 24 de maio de 2011

Fé e Razão

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto(1)

Isaac Newton
Os maniqueístas ridicularizavam a fé como uma atividade indigna de qualquer pessoa culta e educada. Nunca tome algo pela fé, eles ensinavam, mas confie somente no que você conhece pela razão. Agostinho defendeu a fé contra esse tipo de ataque. Para ele, fé não é inferior à razão; a verdadeira fé nunca conflita com a razão. De fato, a fé é um passo indispensável em qualquer ato de conhecimento, um ponto que Agostinho expressou na famosa frase Credo ut intelligam: Creio para que possa entender. Todo conhecimento começa em fé. Fé não é única à religião. Antes, ela é um elemento indispensável em todo ato de conhecimento. 

Agostinho definiu fé como conhecimento indireto, isto é, qualquer crença que é dependente do testemunho de outra pessoa ou documento. Fé é indispensável; é o princípio do conhecimento. (2) Fé é uma pré-condição do conhecimento. “A menos que creias, jamais entenderás”, ele escreveu. (3) Considere nosso conhecimento dos registros da história. A menos que primeiro tenhamos fé na confiabilidade das nossas fontes, nunca conheceríamos algo sobre o passado. A menos que tenhamos fé no testemunho de parentes e documentos como certidões de nascimento, nunca seríamos capazes de conhecer nossa própria identidade. Enquanto a fé é conhecimento mediado, a razão é conhecimento imediato (4); a conhecemos por nós mesmos.

Mas se a fé vem primeiro no tempo, a razão vem primeiro em importância. De acordo com Agostinho, as fontes para a nossa informação devem ser testadas. A relação entre fé e razão é análoga às duas lâminas de uma tesoura. Não faz sentido perguntar qual lâmina corta; o corte ocorre quando as duas trabalhas juntas. Similarmente, não faz sentido perguntar se a fé ou razão é o elemento mais importante no conhecimento humano. Os humanos conhecem somente quando a fé e a razão trabalham juntas.


(1) E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em janeiro/2007. 
(2) Augustine, On the Trinity, 9.1.1. 
(3) Augustine, On the Freedom of the Will, 9.1.1. 
(4) Nota do tradutor: Sem mediação, meios

Ronald H. Nash

Fonte: Lifes’ Ultimate Questions, Ronald H. Nash, 
Zondervan, p. 151.


Créditos: Monergismo

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