sábado, 23 de julho de 2011

As Lágrimas do Leão

Numa das Crónicas de Nárnia, “O Sobrinho do Mágico”, C.S. Lewis mostra o herói (Digory) a ser obrigado a escolher entre obedecer ao leão (Aslan) e conseguir a cura da sua mãe, que está à morte. Aslan é a figura que representa Jesus. Digory vê as patas enormes e as garras do leão e fica cheio de medo. Mas, por um momento, Digory fixa os olhos de Aslan. O leão inclina a cabeça para mais perto do rosto de Digory e este apanha a maior surpresa da sua vida. Nos olhos do Leão há lágrimas grandes a brilhar. Neste momento Digory percebe que quem sente a doença da sua mãe, ainda mais do que ele próprio, é Aslan.


Em 1908, quando ‘Jack Lewis’ tinha nove anos, a sua mãe faleceu de cancro, apesar de todas as suas orações a pedir a sua cura. E nessa altura sentiu que perdeu também o seu pai, que se retraiu na sua dor e nunca mais soube lidar com os seus dois filhos (Jack e Warnie).


Não aconteceu na vida de Jack aquilo que aconteceu a Digory: Deus não o conquistou no momento da grande dor que sofreu. Quinze dias depois da morte da sua mãe Jack deixou Belfast, onde nascera, sendo enviado a um internato em Inglaterra sob a responsabilidade de um ministro anglicano duro e autoritário. Passou, depois, por outro internato que tinha o sistema de ‘bloods’ e ‘tarts’: os rapazes mais velhos tinham pré-adolescentes como escravos e, muitas vezes, amantes.


Depois, sob a influência de um tutor ateísta e racionalista, perdeu a sua ‘fé infantil, herdada’. Ganhou uma bolsa de mérito para estudar em Oxford, mas no princípio foi impedido de entrar por ter que ir combater na Primeira Guerra Mundial. Viu o sofrimento atroz da guerra mas ele próprio foi dispensado, graças a uma ferida ‘conveniente’. Voltou a Oxford em 1919 para estudar Línguas Clássicas.


Aprendeu a dar valor à magia, por influência do poeta irlandês, W.B.Yeats, e abandonou o racionalismo. Disse que os filósofos chamados realistas, como Bertrand Russell, não admitiam que as suas afirmações absolutas sobre a realidade estavam baseadas no pensamento – que é um acontecimento subjectivo. Deus usou a literatura para o ‘cercar’, colocando no seu caminho autores como o grande poeta George Herbert, do século XVII, e o romancista escocês do século XIX, George MacDonald. Lewis disse depois: “Os agnósticos falam alegremente acerca do homem que procura Deus. Sobre mim, nessa altura, podiam muito bem ter falado do rato a procurar o gato”. Converteu-se ao teísmo e, depois, comparou-se com um Filho Pródigo trazido para a casa do pai, ressentido e aos pontapés.


Alguns amigos e, de maneira muito especial, J.R.R.Tolkien, católico e autor do “Senhor dos Anéis”, desafiaram-no a considerar a doutrina da encarnação de Cristo. No dia a seguir a uma conversa longa com eles, foi com o irmão ao parque zoológico, no carrito ao lado da motorizada dele. Jack conta a sua experiência assim:


“Quando partimos, não acreditava que Jesus Cristo é o Filho de Deus, e quando chegámos ao parque zoológico acreditava”.


Lewis foi um autor e conferencista polémico. Fez parte de uma elite intelectual em Oxford, mas distanciou-se da maior parte dos seus colegas que eram racionalistas ou agnósticos ou, no caso de fazerem parte da sua igreja (a anglicana), eram teologicamente liberais. Lewis foi um crítico extremamente vigoroso da teologia do alemão, Rudolf Bultmann. Este considerava como mito quase todo o material dos Evangelhos, a ressurreição de Cristo e o mundo sobrenatural de anjos e espíritos. Como este tipo de influência era tão forte na Igreja Anglicana, Lewis numa altura queixou-se da dureza do seu papel - de ser missionário aos sacerdotes da sua própria igreja. Achou que este papel era horrível, mas considerava que, se não fizesse este trabalho, a Igreja dentro de poucos anos iria deixar de existir.


Mesmo assim, Lewis não acreditava na inspiração verbal da Bíblia e, por esta razão, apesar de ser ortodoxo em praticamente todas as outras doutrinas, não era convidado como conferencista pelas ‘Christian Unions’ (GBUs) do seu tempo.


Escreveu obras apologéticas a nível intelectual e popular. Uma delas foi sobre o «Problema da Dor». O livro é sensível, bem argumentado e, intelectualmente, à altura dos seus colegas na universidade. As limitações que tem devem-se ao facto de o seu autor, na sua vida adulta, como académico e solteiro de meia idade, não ter grande experiência directa do sofrimento. Esta experiência viria mais tarde para a vida de Lewis, através de uma vivência pessoal que o “Leão com Lágrimas” iria trazer à sua vida.


Em 1956, casou pelo civil com uma jornalista americana, Joy Davidman, recém divorciada. Ela adoeceu com cancro alguns meses depois. Lewis pediu autorização ao bispo para se celebrar o casamento religioso, mas, como a Igreja Anglicana não admitia o casamento de divorciados, isto foi recusado. À revelia do bispo, um sacerdote anglicano amigo celebrou o casamento no quarto do hospital, em Março de 1957. Depois houve uns períodos de dor intensa, e outros de remissão. Em 1960, apesar da situação grave da Joy, conseguiram fazer uma viagem à Grécia, visitando muitos lugares de interesse histórico. Em Julho desse ano, Joy faleceu.


Depois desta experiência, Jack escreveu sobre a dor de uma forma diferente. Num livro, traduzido para português com o título “Dor”, põe em palavras todos os sentimentos em conflito, as contradições, as acusações contra Deus, que surgem naturalmente de uma experiência angustiante deste tipo. Levantou a questão se Deus não era um Sádico Cósmico, um viviseccionista louco que apanhava os homens como ratazanas no seu laboratório. Mas teve que concluir que não podia sustentar essa ideia. Mesmo assim acusou Deus de não responder – ou de adiar a resposta - às suas perguntas.


Um dos filhos de Joy (Douglas) descreve a realização gradual que Jack ganhou de que a sua dor estava a ser egoísta: estava a chorar, não porque a Joy tinha partido para outro lugar, mas porque ele já não a tinha com ele. De facto ela tinha sido liberta – mas, para Jack, a dor continuava. Mesmo assim, nas palavras do enteado, ele ‘superou a sua dor até ao ponto de conseguir funcionar novamente como ser humano e autor – mas nunca houve nenhum momento, no resto da sua vida, em que não estivesse consciente da sua perda’.


Três anos mais tarde, em 1963, Lewis, agora catedrático de Literatura Medieval em Magdalene College, Cambridge, faleceu após um ataque cardíaco. Tanto a nível de obras académicas na área da literatura, como na área da apologética (intelectual e popular), como na área da ficção (para crianças e ficção científica), foi a figura mais destacada do seu tempo. E o que sobressai para nós é o facto de ter sido um cristão convicto, que conhecia ‘Aslan’, o leão. É este facto que o aproxima de cada crente sincero – o facto de ter olhado para os olhos do leão, de ter questionado, e de ter visto tão claramente as lágrimas nos Seus olhos


Alan Pallister
Vi em: http://www.portalevangelico.pt/noticia.asp?id=2869

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Thor

por Brian Godawa

O herói dos quadrinhos dá origem a uma história. Este filme é muito melhor do que eu esperava. Provavelmente porque o diretor, Kenneth Branagh, trouxe a ele uma qualidade sutilmente shakespeariana que era apropriada para essa história sobre o deus nórdico do trovão. Bem, na verdade, trata-se de uma desmitologização da mitologia nórdica. Ou seja, é uma daquelas histórias que explica a religião como uma má interpretação ignorante da ciência alienígena. Neste caso, Thor é um guerreiro do reino distante de Asgard, que é banido para a Terra, destituído do seu poder, por causa de sua aspiração arrogante e impetuosa ao trono de seu pai, Odin. Mas neste filme aprendemos que a mitologia nórdica estava errada. Thor e sua raça não são deuses, mas simplesmente alienígenas de outra parte da galáxia confundidos como deuses pelos Vikings primitivos. Este é um tema comum nos filmes de hoje e pretendo escrever mais em profundidade sobre ele para o site BioLogos.org em breve.
Enfim, foi um contraste interessante da cultura igualitária moderna com uma cultura mais patriarcal em Thor. Quando ele se apaixona por uma cientista do sexo feminino, interpretada por Natalie Portman, vemos ele tratá-la com o cavalheirismo do passado e, meu irmão, ela gosta! Esta não é nenhuma fantasia feminista, mas um retorno a um cavalheirismo que as feministas chamariam de chauvinismo. O fortão protegendo a fêmea e tratando-a com gentileza e linguagem nobre, por ser o vaso mais fraco. Foi um choque de culturas inteligente.
E o tema da história é bastante tradicional também. O poderoso martelo de Thor está na Terra, mas por causa do feitiço que Odin sussurrou sobre ele, apenas um homem “digno” pode pegá-lo e usá-lo. E Thor não pode fazê-lo por causa do seu orgulho, arrogância e espírito vingativo. Não até que  escolha sacrificar-se para ser morto por um grande monstro robô, a fim de proteger os inocentes, que ele é capaz de recuperar seus poderes e derrotar o inimigo. E isso após sua “ressurreição” dos mortos. Tudo muito religioso em sua temática.
O que me leva a outro ponto. Fiquei ainda mais convicto de que a fome por super-heróis de quadrinhos e afins é definitivamente um “substituto de Deus”. Apesar da nossa sociedade secular ter rejeitado a ideia de uma divindade sobrenatural (como evidenciado na desmitologia dessa própria história), ela, no entanto, anseia por essa divindade e essas histórias de super-heróis servem como um impulso religioso moderno que substitui o “vazio do tamanho de Deus” em todos nós. Sua ubiquidade em nossa cultura coincide com a prevalência do politeísmo da cultura antiga, quer no panteão grego ou romano ou aquele da Suméria e Babilônia. Mas sua presença mostra-nos que a humanidade precisa da divindade e, se necessário, criará a sua própria.

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto, julho/2011
Fonte: http://godawa.com/movieblog/
Em: http://monergismo.com/?p=3191

quarta-feira, 13 de julho de 2011

2 CELLOS

2 CELLOS é formada por Luka Sulic e Stjepan Hauser que ficaram famosos na internet fazendo performances incríveis com seus violoncelos. Abaixo coloquei dois dos que eu mais gosto, With or Without You (U2) e Welcome to the Jungle.



terça-feira, 12 de julho de 2011

Me dá um ctrl+alt+del

Cantada infalível... aprendam gurizada!


Afinal: Você Confia ou não Confia?

Por Carlos Moreira


Ontem à noite eu me vi diante de uma cena inusitada... Minha filha Gabi colocou na orelha um brinco e ele entrou na pele, o que fez com que a região inflamasse e sua retirada se tornasse algo extremamente doloroso.

Sei que Gabriela ama a mãe loucamente, confia nela cegamente, mas aquela situação a fez agir de forma inusitada. Ela corria de um canto para outro e não deixava a gente, sequer, se aproximar para ver o que precisava ser feito. Em certo momento, senti a angústia nos olhos de Fabiana, algo do tipo: “milha filha, ou você confia ou não confia!”.

É fácil manter a confiança quando o contexto é favorável, quanto o problema é contornável, quando os envolvidos são confiáveis, quando as medidas a serem tomadas são palpáveis. Mas, e quando não?...

Aqui surge uma questão: como confiar quando os fatos são contrários, quando Deus se torna “indisponível”, ou o céu mostra-se impermeável, quando o “telefone” do Altíssimo fica dando “caixa postal”? O que fazer no momento em que as coisas, aparentemente, não possuem sentido ou lógica, e o caos aproxima-se de nós com um apetite voraz? 

Como todos sabem, gosto muito do profeta Habacuque. Trata-se de um homem suigeneris, pois, ao invés de começar seu ministério confrontando aos homens, ele parte para questionar o próprio Deus. Por isso, de cara, me apaixonei por ele, pois em Habacuque não existem “salamaleques” para com o sagrado, ele é um ser perplexo em busca de respostas, assim como eu.

A questão central no livro de Habacuque é o afastamento de Israel da comunhão e intimidade com Deus. Profeta do período pré-exílico, ele constatou que o bem se afastara da vida dos seres humanos, assistiu ao desvirtuamento das relações, viu o poder sendo usado para esmagar o próximo, o estabelecimento da corrupção, da volúpia por sangue, da ganância, do desamor como praxis, ou seja, a inexistência de todos os matizes dos quais é constituída a matriz de valores do Evangelho.

Depois de insistentes questionamentos sobre o fato de Deus está, aparentemente, inerte a toda aquela situação, Habacuque recebe, então, a sua resposta. Foi impossível não lembrar de Guimarães Rosa “esperar é reconhecer-se incompleto”. Ah, coisa difícil é esperar... sobretudo, esperar por Deus... Ele parece sempre estar indisponível no dia da calamidade, da dor, da solidão, da tragédia.

Todavia, a resposta que Deus deu ao profeta não lhe agradou. Ele estava preparando, como “vara de juízo” sobre o Seu povo, uma nação ainda mais perversa, corrupta e dura: os Assírios. Aí o profeta foi à loucura! “Como assim Deus?! Você vai nos disciplinar usando gente mais corrompida do que nós mesmos?!”.

Sei que não está escrito no livro de Habacuque, mas, neste ponto, penso que Deus questionou o profeta: “afinal, você confia ou não confia?”. E é justamente aí, em meio à perplexidade, ao inexplicável, ao ilógico, ao contraditório, ao irracional, ao desconexo, que surge um homem resignado a obedecer e aceitar os desígnios do amor de Deus, pois, mesmo quem ama, tem de ser firme.

Ouvi isso, e o meu íntimo estremeceu, meus lábios tremeram; os meus ossos desfaleceram; minhas pernas vacilavam. Tranqüilo esperarei o dia da desgraça que virá sobre o povo...”. 

A lição que tiramos da vida deste homem é que confiar não é uma ação que nasce na consciência, mas no coração. Confiar é lançar-se no absurdo, no insondável, é abrir mão de racionalizações, de conjecturas. Confiar é resignar-se, aquietar-se, render-se, sublimar-se, é ir na contra-mão, no contra-fluxo, esperar o inexplicável, aguardar o improvável, ter a certeza de que, ainda que contra todas as evidências, Deus nos fará bem e nos trará a paz.

Habacuque nos ensina que ainda que o fluxo natural da existência  – “mesmo não florescendo a figueira, não havendo uvas nas videiras; mesmo falhando a safra de azeitonas, não havendo produção de alimento nas lavouras, nem ovelhas no curral nem bois nos estábulos”, seja, por algum motivo, alterado, ainda assim ele confiará no Senhor, pois diz: “exultarei no Senhor e me alegrarei no Deus da minha salvação”.

O nome Habacuque significa “abraçado por Deus”. Não sei o que se passa em sua vida, mas eu, particularmente, tenho vivido dias muito difíceis... Algo, entretanto, me fala ao coração: “filho muito amado, foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei, recebe o abraço do teu Pai”. E eu lhe pergunto: “do que mais precisarei?”.

Carlos Moreira - no Genizah

quinta-feira, 7 de julho de 2011

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Beautiful Things



Beautiful Things - Gungor

All this pain
I wonder if I'll ever find my way
I wonder if my life could really change at all
All this earth
Could all that is lost ever be found
Could a garden come up from this ground at all
You make beautiful things
You make beautiful things out of the dust
You make beautiful things
You make beautiful things out of us
All around
Hope is springing up from this old ground
Out of chaos life is being found in You
You make me new, You are making me new

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A bíblia como ponto de referência na maturidade cristã

As Escrituras são o ponto de referência para nós cristãos sua autoridade é divina e por isso, tuo sobre o que ela se propõe a dizer é verdade e deveria servir de direção na construção de nossa cosmovisão. Só podemos ser melhores seres humanos na medida em que seguimos a Santa Palavra de Deus, que nos mostra além de outras coisas, como devemos agir como jovens, adolescentes, adultos, pais, maridos, esposas, empregados e patrões.

A bíblia diz: "Errais não conhecendo às Escrituras e nem o poder de Deus". Portanto, quando conhecemos a Deus, por intermédio de sua revelação, aprendemos também, a reinterpretar os fatos e suas desenvoluções a luz da verdade pressuposta na palavra de Deus. Quer aprender ser bom marido? Boa esposa? Bom filho, pastor, amigo, irmão, pai? Conheça o que Deus pensa sobre isso e peça ao Senhor que te torne um homem maduro em Cristo para a boa obra do reino de Deus.

Soli Deo Gloria

Rev. Nelson G. A. Júnior

sábado, 2 de julho de 2011

O auto conhecimento, é auto enganoso

O auto conhecimento, é auto enganoso, só Deus conhece realmente. Nosso cohecimento é derivado



Num mundo humanista, os homens são o ponto de convergência para si mesmos, no Teocentrismo, os homens se encontram, após Deus tê-los encontrado, e aprendem dessa maneira que Deus é o único e real ponto de convergência que estreita o conhecimento do ser numa relação pactual, em que o Deus do berith é glorificado e honrado por aqueles a quem Ele mesmo se dá a conhecer. Irmãos, não estamos só, em nenhuma situação da nossa vida. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, não se desespere.

Soli Dei Gloria

Rev. Nelson G. A. Júnior